15 de dezembro de 2011

Apenas Reflexões Sobre a Educação por Lucas Fernandes

"Classe C ocupa 63% das vagas de universidades", boa notícia não?
A primeira vista realmente essa notícia parece ser ótima, mas se pararmos para refletir um pouco percebemos que ela não é tão boa quanto parece. Realmente como a reportagem diz o numero de jovens da classe C (renda familiar per capita entre R$ 323 e R$ 1.387) vem aumentando nas universidades, em 2004 'eram apenas 42%' e hoje '55% dos brasileiros com idade entre 18 e 25 anos da classe C são alunos de cursos superiores', o problema está na qualidade e intenções das universidades, as "uniesquinas" como bem disse nossa colega, Amanda Benedetti no seu texto: O papel do vestibular na divisão de classes.
        Como podemos perceber o Brasil passa por um momento de luta por uma educação pública de qualidade, em todos seus níveis, desde a creche até as universidades, mas na minha visão os motivos para essa luta estão confusos, eu acredito que o correto seria a melhoria do ensino para que o indivíduo que esteja na escola se torne um cidadão inteligente, crítico e também bem sucedido financeiramente, entretanto o que eu vejo é que essa melhoria só tem a intenção de tornar o indivíduo 'bem sucedido financeiramente' a ponto de sustentar a si e sua família e poder produzir mais e mais lucros, firmando ainda mais o capitalismo. Cito outro trecho da reportagem que compartilho com a idéia: Para o sócio-diretor do Data Popular, Renato Meirelles, houve uma mudança de mentalidade dos jovens. “A educação deixou de ser vista como um gasto e agora é um investimento”. Segundo Meirelles, o jovem da classe C entra na faculdade para melhorar a renda. “Não existe um pensamento ideológico de educação. Ele entra pensando no mercado de trabalho.” Ou seja, a faculdade particular pensa em fazer dinheiro baixando sua mensalidade e aumentando lucrativamente a sua quantidade de alunos, o futuro estudante pensa em fazer um curso 'qualquer' que possibilite a sua ascensão no mercado de trabalho e o empreendedor pensa contratar alguém capacitado teoricamente para lucrar mais em seu ramo.
"Com 400 mil alunos, a Anhanguera ocupa o posto de maior centro de ensino superior do país. Para assegurar a posição, a instituição mantém mensalidades a partir de R$ 199, um atrativo à classe C.", as ETEC's estão 'pipocando' por todo o lado (sou a favor dessas instituições, mas falta a parte da formação crítica do indivíduo), porém o salário e condições de trabalho dos professores pouco vem mudado, e as creches em sua maioria são bem despreparadas para atender a demanda de crianças, que por sinal tem de estarem lá por seus pais ficarem fora de casa trabalhando o dia todo enquanto as creches por vezes permitem a criança ficar lá por meio período somente.
         Pode ser que a luta dos movimentos estudantis como mencionou a Amanda resolvam parte desses problemas, mas não sou capaz de propor uma solução para tudo, o importante é que a sociedade seja mais crítica e não só isso, pois até eu posso apontar vários problemas, ela tem de ser muito mais ativa, cobradora, ai sim esses e muitos outros problemas serão solucionados com certeza, mas enquanto isso, " ”Do total de 146.885 candidatos inscritos para o vestibular Fuvest 2012, 33,4% estudaram todo o ensino médio em escolas públicas. Menos de 5% estudaram tanto na rede pública como na privada, e 61,1% cursaram todo o ensino médico em escolas privadas.” Infelizmente, sabemos que pouquíssimos dos alunos de escola pública, passarão no vestibular. E sabemos que cerca de 90% das escolas brasileiras, são públicas... "
        Mudando um pouco de assunto, em relação a: " “Fuvest: estudantes da USP protestam contra 'prova para elite'”, percebemos que estamos em local privilegiado: brancos, cabelos lisos, olhos caros, bem vestidos. Esses eram os candidatos à vaga na Universidade de São Paulo. " , acho que temos que tomar um certo cuidado em generalizar, afinal sou branco, tenho cabelo liso, olhos claros, bem vestido (isso pode ser discutido (: ) e sempre estudei em escola particular, mas pertenço a classe C. Não escolhi minha cor de pele, nem de olhos e nem o tipo de cabelo. Estudei em escola particular a vida inteira devido a meus pais que agora, enquanto estou escrevendo esse texto as 22:31, um deles ainda não chegou da jornada de trabalho que começa as 8h na escola e não tem hora para acabar na sapataria, ou seja, a um certo preconceito quando se generaliza que por vezes não são justos. A meu ver parece que há uma relação entre situação financeira/aspectos físicos e dignidade que é muito errada, assim como todo tipo preconceito.

Link da notícia 'Classe C ocupa 63% das vagas de universidades': http://www.band.com.br/noticias/educacao/noticia/?id=100000471347

E texto da Amanda Benedetti tá aonde esse daqui tá.

421383
lucas.dedois@yahoo.com.br

11 de dezembro de 2011

O papel do vestibular na divisão de classes por Amanda Benedetti*

Ao ver as fotos relacionadas à notícia publicada no site do Terra, “Fuvest: estudantes da USP protestam contra 'prova para elite'”, percebemos que estamos em local privilegiado: brancos, cabelos lisos, olhos caros, bem vestidos. Esses eram os candidatos à vaga na Universidade de São Paulo. Os dados descritos na notícia informam que “Do total de 146.885 candidatos inscritos para o vestibular Fuvest 2012, 33,4% estudaram todo o ensino médio em escolas públicas. Menos de 5% estudaram tanto na rede pública como na privada, e 61,1% cursaram todo o ensino médico em escolas privadas.” Infelizmente, sabemos que pouquíssimos dos alunos de escola pública, passarão no vestibular. E sabemos que cerca de 90% das escolas brasileiras, são públicas...

O protesto que estudantes da USP faziam durante a entrada dos futuros “uspianos” é totalmente compreensível, se entendemos como o vestibular acaba mesmo por ser um filtro, que seleciona não os “melhores”, os “mais capazes”, pelo contrário, os que nunca tiveram nem obstáculos para estudar. O vestibular privilegia quem nunca passou fome, quem sempre teve caderno para levar à escola, quem nunca teve familiares presentes nas estatísticas de morte pela polícia. Privilegia quem sempre teve dinheiro para ir aos melhores teatros, aos cinemas... E quem sempre teve dinheiro, inclusive para pagar uma universidade privada à seus filhos.

Sob o ângulo do pensamento pedagógico crítico, o vestibular é realmente inaceitável. Ele é um dos aparatos essenciais para que continuemos numa sociedade de classes, onde os dominantes estão nas universidades públicas (públicas, nunca populares) enquanto os poucos jovens de classe baixa que conseguem cursar o ensino superior são colocados nas “uniesquinas”. Esses são os que podem usar seu salário para pagar as mensalidades do curso, enquanto são explorados pelos pais dos futuros patrões, que, no momento, estão estudando nas universidades públicas.

Para os pedagogos críticos Baudelot e Establet, tudo vai além dos muros da escola, e deve ser explicado através da divisão capitalista do trabalho. Se temos o vestibular, que seleciona quem vai pra universidade e quem fica, não é por não ter outra opção, sim porque é conveniente. A escola capitalista contribui para reproduzir e aprofundar a polarização das qualificações. Em uma extremidade, ela forma quem vai pras universidades, e na outra, as massas que vão vender-se por um salário irrisório. Acreditar que o papel da escola é desenvolver aptidões, educar os indivíduos... É um sonho.

A notícia reflete um momento importante na USP, no Brasil e em todo mundo: A luta por uma educação pública, gratuita, de qualidade e, sobretudo no caso da universidade citada, a luta pela democratização das universidades públicas. Desde o dia 8, estudantes da USP estão em greve. A decisão ocorreu devido à prisão de 73 alunos e funcionários que se manifestavam politicamente ocupando a reitoria, e assim, reivindicando o fim do convenio que permite o que era proibido desde o fim da ditadura: a entrada da Polícia Militar no campus. Os alunos em greve acreditam que certa segurança só será possível com a democratização da universidade.

De fato, não há como garantir segurança através da força policial, se, desde o começo da vida, o Estado não garante alimentação, moradia, saneamento básico e educação. Felizmente (ou infelizmente), nem todas as pessoas que não tem as mínimas condições de vida partem para o crime. A maioria delas é somente criminalizada pela policia/sociedade e escravizada pelos patrões. É preciso que se mantenha o lucro das grandes empresas, o que só acontece se houver trabalhadores que recebem somente o necessário para continuarem trabalhando. Educação? A educação no capitalismo é somente a afirmação deste modo de produção e de sua divisão de classes. Não interessa que todos tenham educação de qualidade.

Segundo o pedagogo crítico Henry Giroux, por mais dífícil que pareça a situação, esse ciclo de dominação não pode ser visto como inquebrável. Para Carnoy, por exemplo, os responsáveis à por fim ao papel dominador da escola são, sem dúvida, os movimentos sociais, cujo papel é pressionar para que haja mudanças.

No Brasil, o movimento que mais tem se posicionado na luta pela educação é o estudantil (além dos movimentos que admitem que a luta por terra ou moradia, por exemplo, não pode ser dissociada da luta pela educação), e, infelizmente, a grande mídia tem se encarregado de deturpar suas mobilizações, fazendo análises simplistas e até mesmo oportunistas em relação à seus atos. O que é de se esperar, visto que ela somente cumpre seu papel de classe (no caso, dominante), escondida por trás da máscara da “neutralidade”.

Por fim, o movimento estudantil prova que Giroux está certo quando diz que, ao mesmo tempo que um local de dominação, as escolas e principalmente as universidades, são locais de resitência, luta. E infelizmente, segundo o mesmo autor, “Ser comprometido com uma transformação radical da sociedade existente em todas as suas manifestações sempre coloca o indivíduo ou o grupo na posição de perder um emprego, a segurança, e, em alguns casos, os amigos”. O que até o momento, não tem impedido nenhum estudante e nenhum movimento social do mundo, de resistir e lutar.

*RA 420930

Fuvest: estudantes da USP protestam contra 'prova para elite'
Por Filipe Gonçalves

Entre os pais e candidatos que aguardavam a abertura dos portões para o início do vestibular da Fuvest na tarde deste domingo, circulavam alguns estudantes da Universidade de São Paulo (USP) distribuindo jornais de protesto contra a direção da instituição. Os jovens criticavam o "vestibular para elite" que, segundo eles, privilegia estudantes de escolas privadas.

Alguns dos alunos que faziam o protesto eram estrangeiros, como o mexicano Ernesto, 23 anos, que estuda Geografia na USP. Enquanto entregava o jornal, ele disse ao Terra que o vestibular da USP não é democrático, pois seleciona "estudantes da elite". "Eles (os vestibulandos) têm que conhecer o que acontece na USP. Parte da nossa luta é contra o vestibular, que é um filtro socioeconômico. Só pode permanecer que tem grana, a educação vira mercadoria. No México, a seleção é por mérito acadêmico", afirmou o estudante, que não quis divulgar o sobrenome por medo de represálias.

A prova da primeira fase da Fuvest, que seleciona candidatos para a USP e para a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo teve início às 13h e previsão de encerramento para as 18h. Neste domingo, os estudantes devem responder a 90 questões objetivas de português, história, geografia, matemática, química, física, biologia e inglês. O candidato somente poderá retirar-se da sala a partir das 16h.

A divulgação dos candidatos aprovados para a segunda etapa será feita no dia 19 de dezembro. As três provas analítico-expositivas vão acontecer de 8 a 10 de janeiro de 2012.

Inscritos
Do total de 146.885 candidatos inscritos para o vestibular Fuvest 2012, 33,4% estudaram todo o ensino médio em escolas públicas. Menos de 5% estudaram tanto na rede pública como na privada, e 61,1% cursaram todo o ensino médico em escolas privadas.

Todos nós devemos lutar pelos nossos direitos por Maurício Moysés*

Todos nós devemos lutar pelos nossos direitos. Essa seria uma lógica e com toda razão. Ao analisarmos as condições sociais em que vivemos, encontramos situações contraditórias onde a hierarquia do poder tanto econômica, política e intelectual predomina por uma classe social que é a minoria nesse país, sendo ela a burguesia ou elite, que oprime os mais necessitados de qualquer seguimento que se faz por constituir uma sociedade, compondo assim uma imensa parcela da população exclusa dos atendimentos básicos civis, entre moradia, educação, saúde e emprego digno.

Nesse contexto de luta de classes que em manifestação pelos direitos de igualdade, os trabalhadores da Universidade de Campinas-SP (Unicamp) entraram em greve no mês de outubro e ainda prosseguem com a greve, exigindo isonomia salarial entre as universidades estaduais paulistas, pois há uma discrepância inferior principalmente com a Universidade de São Paulo (USP). A reitoria da Unicamp e o governo do estado se apresentam fortemente contra esse tipo de posicionamento e a comunicação entre ambas continua seguindo de forma incompatível.

Em forma de resistência e luta parte dos estudantes de distintos institutos da universidade uniram-se aos funcionários e realizaram também greves em conjunto a alguns professores promovendo encontros, assembléias, passeatas e aulas em público para intensificar as manifestações. Porém a greve por isonomia salarial dos trabalhadores deveria seu uma atitude geral da população, mesmo aqueles que não estão inseridos na vida acadêmica poderiam apoiar e combater as desigualdades sendo que uma grande parte da população passa no dia-a-dia pelas mesmas ou semelhantes situações por parte do sistema capitalista, pela burguesia conservadora desse modo de produção que há séculos oprime e segrega a sociedade como um todo.

Portanto, devemos buscar os métodos que fazem com que nos tornemos mais politizados e conscientes sobre os fatos que permeiam no nosso cotidiano. Promover encontros e debates que favoreçam os cidadãos mais precarizado. A luta é uma só e ela é de todos. A população unida, informada e organizada seguirá rumo ao encontro de melhores condições e transformações das políticas públicas, revertendo às práticas impostas para nós pelo sistema vigente.

*RA 421391
mauriciomoyses88@yahoo.com.br